Os recentes protestos que se espalham pelos EUA como reação ao covarde assassinato de George Floyd pela polícia deram visibilidade e abriram espaço para o debate em relação à violência racial e o racismo.
Aqui no Brasil, além do movimento negro e pessoas negras em movimento que estão há anos lutando contra o racismo, algumas marcas e pessoas brancas entenderam que agora era o momento em que deveriam se posicionar de alguma forma.
É interessante notar que apesar de no Brasil o racismo ser considerado um absurdo, inclusive crime, pessoas brancas, marcas e mídia tendem a se manter na inércia sobre o assunto, colaborando assim para que a branquitude continue com suas vantagens e privilégios em relação a pessoas negras, que são a maioria da população.
Comentários comuns no momento como “Nos EUA a polícia é racista”, “A escravidão lá foi um horror”, “Lá tem segregação racial, bairro de branco e bairro de negro” ou “nos Estados Unidos os negros lutam por seus direitos” só evidenciam o quanto os brasileiros não têm noção de sua história e da sua realidade ou preferem fingir que não têm.
No Brasil, a cada 23 minutos um jovem negro é morto. João Pedro, João Vitor, Agatha, Luanna, Cauê, Claudia, Pedro Gonzaga  e tantos outros sonhos, futuros, familiares amados em corpos negros foram assassinados e a branquitude brasileira se manteve na inércia, acomodada em seus privilégios.
É preciso incendiar as ruas para sermos ouvidos?
Se estão nos ouvindo agora e querem de fato se tornar antirracistas, segue abaixo uma lista do que pode e deve ser feito:
  • ESCUTE sem julgar ou se comparar, esteja atento a ouvir, ler, assistir para entender o que pessoas negras têm a dizer sobre a opressão adicional que sofrem por conta da cor da pele.
  • OLHE PARA SI mesmo e encontre seu racismo (já aproveite e ache o machismo e LGBTfobia), todo brasileiro tem, é um bom começo para desconstruir tudo aquilo que você aprendeu… errado. E se apontarem algo em você não seja defensivo, ouça, aprenda e mude.
  • NÃO SE OMITA a “piadas”, comentários e ações racistas, intervenha prontamente nessas situações. Converse com seus parentes e amigos sobre privilégio branco, desigualdade racial e racismo.
  • DÊ VISIBILIDADE autores, artistas, atletas, influenciadores e empreendedores negros, tenha um equilíbrio racial em quem você acompanha.
  • VOTE em candidatos negras e negros.
  • APOIE POLÍTICAS AFIRMATIVAS , cotas raciais nas universidades, cargos públicos e programas de diversidade e equidade racial em empresas.
  • EXIJA que na escola do seu filho se cumpra a lei sobre ensino da África e protagonismo negro na história do Brasil. Ofereça livros, bonecos e animações com protagonistas negras e negros.
  • SEJA CRÍTICO ao assistir novelas, filmes, séries, propagandas que representam negros com esteriótipos racistas, boicote e denuncie.
  • QUESTIONE no trabalho sobre a falta de pessoas negras, em especial mulheres negras, contrate e converse com seus colegas para que contratem pessoas negras. Indique pessoas negras a trabalhos mesmo que você não conheça nenhuma, procure. Uma empresa antirracista é aquela com presença de negras e negros com proporcionalidade em todos os cargos.
  • CONSUMA de empreendedores negros, pague o que você pagaria para um homem branco quando solicitar algum serviço.
  • DENUNCIE a violência racial, apoie  instituições que lutam contra essa violência,  compareça a manifestações contra o racismo.
  • ADOTE uma postura antirracista o tempo todo, vai gerar incômodo e esforço constantes, mas é a coisa certa a se fazer.  Seu exemplo e pequenas atitudes mudam o mundo.
Vamos juntas e juntos?
por Cauê Brochado Ranzeiro
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